Boas práticas na inseminação artificial de suínos

A inseminação artificial em suínos apresenta inúmeras vantagens, mas apesar de sua fácil condução, alguns detalhes são fundamentais par alcançar os melhores resultados! Veja os pontos-chave para realização desta prática. Este artigo foi escrito pela M.V. Kebb Borstnez durante sua tese de mestrado em Produção Animal pelo Instituto Federal Catarinense e pela Dr. Mariana Groke Marques doutora em pesquisa na Embrapa suínos e aves.

Sêmen

Blister de sêmen suíno

A variação da temperatura de armazenamento do sêmen está associada com a qualidade seminal. Possuir conservadoras próprias e bem reguladas é fundamental. O ideal é que o sêmen seja armazenado a temperatura de 17°C com variação máxima de +/- 2°C.
Durante o transporte das doses até o setor de gestação, utilize embalagens isotérmicas e transporte somente as doses inseminantes que serão utilizadas. Evitar ao máximo o aquecimento das doses antes da IA. Doses que forem para o setor de gestação e não forem utilizadas devem ser descartadas. Jamais retorna-lás para a conservadora.

Estudos verificaram que a homogeneização manual das doses inseminantes duas vezes ao dia durante o armazenamento não resulta em aprimoramento da qualidade espermática, ou seja, esta prática não é mais necessária.

diagnóstico de cio

Reflexo de tolerância ao homem na presença do macho para detecção de cio

O proestro, fase do ciclo estral das matrizes que antecede o cio ou estro, é a fase em que ocorre modificações anatômicas e comportamentais na fêmea suína, tais como: edema, hiperemia e aumento de secreção vulvar. Estas mudanças indicam o início da atração da fêmea pelo reprodutor e do reprodutor pela fêmea, mas SEM receptividade sexual.

Já o estro é o momento em que a fêmea possui receptividade sexual, o qual apresenta o reflexo de tolerância positivo (RTM) ou mediante a pressão lombar exercida por um homem na presença de um reprodutor sexualmente maduro.

Fase para a realização da IA.

ProestroCio / Estro
Vulva Edema, hiperemia, secreçãoEdema, hiperemia, secreção reduzida em comparada ao estro
Comportamento RTM negativo: inquietação e agitação com monta sobre outras fêmeasRTM positivo: permite a monta sobre outras fêmeas, orelha eretas. Na presença do macho fica imóvel.

O diagnóstico de cio deve ser realizado todos os dias em matrizes recém-desmamadas e leitoas do plantel. Após a IA e até a confirmação da gestação é importante este manejo para a observação de um possível retorno ao cio.
Este diagnóstico é realizado através da estimulação sexual das fêmeas pela exposição a um reprodutor sexualmente maduro, por volta de 11 meses ou mais, e com boa libido. O ideal é que cada fêmea possa ter contato direto focinho-focinho durante mais ou menos 1 minuto com o macho.
Após esse período, ainda com o macho em contato com a fêmea se realiza o reflexo de tolerância à pressão lombar. As fêmeas que apresentarem o reflexo de tolerância à pressão lombar são consideradas em estro ou cio.

inseminação artificial

Genitália da matriz

O protocolo de IA em cada granja depende do modo de detecção do cio (manhã e tarde ou apenas manhã) e a categoria da fêmea (leitoa ou multípara). Atualmente, uma única detecção de cio por dia, no turno da manhã, vem ganhando cada vez mais destaque. Diante deste cenário, o protocolo de IA para ambas as categorias é:

  • Fêmeas que apresentarem RTM são inseminadas no mesmo turno, e a cada 24 horas enquanto estiverem no cio. A média de inseminações por cio varia entre 2 ou 3 inseminações.
  • As duas principais técnicas de inseminação artificial utilizadas em suínos no Brasil são: inseminação artificial convencional ou intra-cervical e a inseminação artificial pós-cervical ou intra-uterina.

fêmeas durante a inseminação

A IA convencional é realizada principalmente nas leitoas pela fisiologia do trato reprodutivoque não é tão desenvolvido comparado com o de uma multípara. Neste caso, as pipetas utilizadas para essa categoria também são diferentes, sendo anatomicamente menores. Além disso, para esta técnica se utiliza por volta de 3 bilhões de espermatozoides/dose em um volume entre 80 a 90 mL.
ATENÇÃO! As leitoas devem começar a ser estimuladas na granja com macho sexualmente maduro á partir dos 170 dias de idade. O ideal é que 90% das leitoas tenham o primeiro dentro de 40 dias, com um peso ideal entre 120-140 Kg. A primeira IA deve ser realizada somente no segundo estro, e após o protocolo vacinal reprodutivo completo.

A inseminação intrauterina é realizada com a pipeta fixada na cérvix e um cateter interno que trespassa a cérvix. Este método otimiza a gestão da IA, com menor demanda de tempo, além de menor volume da dose inseminante e número reduzido de espermatozóides/dose, cerca de 1.5 bilhões em um volume de 40 a 50 ml.

O manejo de IA sempre deve ser realizado com tranquilidade e equipe bem alinhada. Fêmeas calmas e receptivas = bons resultados zootécnicos!

Genericamente, os procedimentos para a realização da inseminação artificial são:

  • Realizar a limpeza “a seco” da vulva. Lembrando que a água é espermicida, e não deve ser utilizada no protocolo de IA;
  • Lubrificar a pipeta (lubrificante específico ou gotas da dose);
  • Introduzir a pipeta de IA no sentido dorso cranial (para cima e para frente)
  • Girar a pipeta no sentido anti-horário
  • Fixar a pipeta na cérvix. No caso da IA intra-uterina, realizar a passagem do catéter pela pipeta
  • Acoplar a dose na ponta da pipeta ou catéter
  • Proceder a infusão da dose. Na IA convencional a infusão deve ser realizada lentamente (3 a 5 minutos) com estímulo lombar durante o manejo. Enquanto que, na IA intra-uterina a infusão pode ser toda realizada logo após o acoplamento da dose no catéter, com auxílio de leve pressão no recipiente da dose
  • Após a finalização da IA, retirar a pipeta e o catéter do grupo
  • É importante que as fêmeas não deitem durante o manejo de IA, para evitar possíveis lesões cervicais. Para isto, o ideal é realizar as inseminações em grupos de 3 a 5 fêmeas por vez, para completo controle dos animais dentro do mesmo lote.

Na IA convencional é importante que, logo após a limpeza da vulva, seja acoplada a cinta de IA para pressão lombar. Além disso, a presença do macho é de extrema importância. Já, na IA intra-uterina não se faz necessário o uso da cinta, e deve-se afastar o macho após a identificação do estro e aguardar uns 20-30 minutos para a realização do manejo. A presença do macho gera contrações cervicais e uterinas, que neste caso, atrapalham a passagem do catéter e causam refluxo da dose.
Além do manejo, para bons resultados é importante garantir uma boa nutrição, escore de condição corporal ideal (entre 2,5/3 em uma escala de 1 a 5) e bom manejo sanitário do plantel.

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